Estripulias de palhaços, malabarismos, mágicas, olhares surpresos e gargalhadas fazem parte de um universo fantástico chamado circo.
Quem hoje, que já passou dos quarenta anos, não se lembra da alegria contagiante que o circo provocava desde que iniciava sua temporada numa cidade?
Era gostoso ver o desfile anunciando sua estréia, visitar o local onde se instalava e finalmente assistir aos espetáculos.
Hoje, infelizmente, com a televisão, a internet e o consumismo desenfreado que impera nas relações humanas, a arte circense está meio adormecida entre as pessoas.
Vai sobrevivendo em função de uns poucos abnegados artistas ou montagens mais modernas, misturando personagens já conhecidos com os tradicionais personagens do picadeiro, como recentemente fez a Turma da Mônica com o Circo dos Sonhos.
Há ainda os Circos Escolas e trupes que optam continuar enfrentando os obstáculos, que atualmente vão desde a dificuldade para encontrar um terreno para instalarem a lona, até o sofrimento para atrair público, já distanciado da tradição circense.
Mesmo assim, num esforço para manter a arte da lona e do picadeiro viva, muitos reinventam suas performances, tentando preservar a magia vibrante do circo.
Piolin, o mais emblemático dos palhaços brasileiros, completaria 122 anos no dia 27 de março. É em homenagem ao seu aniversário que nesta data se comemora o Dia do Circo. Aproveitamos a ocasião para reverencia-lo. Ele começou a sua carreira por acaso, como substituto e nunca mais largou o ofício.
Tinha só oito anos e apresentava vários números no circo de seu pai – o Circo Americano. Um belo dia, o garotinho teve que se passar por um palhaço e, de tanto talento, arrancou risos e mais risos da plateia. Piolin emigrou para outros meios de comunicação. Fez filmes, gravou discos e realizou incontáveis espetáculos.
Mas foi no circo, onde a sua simplicidade, alternando-se com seu grande dom artístico, o consagrou e ele por sua vez, eternizou essa importante forma e virtuosa arte de alegrar e entreter as pessoas.
O (seu) epitáfio de seu túmulo, assim dispõe: “Meu sonho era ser engenheiro. Queria construir pontes, estradas, castelos. Construi apenas castelos de sonhos para minha gente. Sou, de qualquer maneira, um engenheiro. E, estou feliz com isso”.
Em sua homenagem e a todo encanto que a arte circense provoca, nosso desejo que o circo viva muito tempo ainda. Que vença as suas dificuldades. Que ganhe cada vez mais apoio oficial e prestígio popular. A cultura brasileira só teria a agradecer e o público, parafraseando o também palhaço Arrelia, responderia com ênfase a sua típica indagação: “como vai?, como vai? como vai?”: - “Muito bem, muito bem, muito bem, bem, bem!”.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É autor de inúmeros livros, entre os quais “O Sentimento de Justiça” (Ed. Litearte). Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
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