Comemora-se a 21 de janeiro, o Dia Mundial da Religião, cuja origem ocorreu nos Estados Unidos da América, em dezembro de 1949, quando a Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá'is sugeriu que ela fosse celebrada anualmente com o objetivo de fomentar a compreensão, a reconciliação e a harmonia inter-religiosa, ou seja, a unidade na diversidade, mediante a ênfase no denominador comum que existe em todas as religiões, a crença num Ser superior, a mediação de um sacerdote ou líder com esse princípio divino e um sentido corporativo ou de comunidade. Trata-se de uma data muito especial no Brasil, que conta dezenas de credos religiosos, ligados às culturas dos povos que ajudaram a construir a Nação. Em nosso país todos são livres para seguir qualquer religião, conforme preceito constitucional expresso.
Essa liberdade de religiões não acontece em todos os lugares do planeta, nos quais muitas delas são proibidas e seus fiéis, perseguido mesmo estando a liberdade de cultos prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ressalte-se que todos os grupos sociais do mundo têm as suas próprias religiões, informando-se que há mais delas do que culturas desenvolvidas pelo ser humano. Tanto que Liev Tolstói chegou a afirmar que “o homem pode ignorar que tem uma religião, como pode também ignorar que tem um coração; mas sem religião e sem coração, o homem não pode viver”.
No entanto, mais do que nunca temos que nos conscientizar que o amor próximo e à natureza devem abalizar qualquer crença. Notadamente em nosso país, onde a materialização nas relações passou a ser aspecto fundamental, a hegemonia do ter e do parecer, prevalece sobre o ser; o estímulo à futilidade ganha cada vez maior espaço e o exclusivismo, gera um isolamento humano, onde a igualdade fundamental da pessoa é frequentemente violada.
Num momento em que a cidadania é abafada pela ação do poder econômico, ou prejudicada pela instabilidade de nossas instituições, temos que professar nosso credo com autenticidade. De nada adianta nos mostrarmos pessoas religiosas se os atos que praticamos são contrários aos princípios básicos do Direito, da Moral e da Ética. Por inúmeras circunstâncias, nossa sociedade é marcada por gritantes contrastes, descasos, segregação, violência, crimes ambientais e uma série infindável de ocorrências que lesam e impedem a satisfação das mínimas aspirações populares. Esses quadros demonstram que a presença de Deus na vida humana se faz necessária para propiciar o equilíbrio dos justos. Por isso, reitero que devemos observar com profundidade, sob pena de descaracterizá-la, se a religião que praticamos evidencia a necessidade de se questionar com a máxima urgência e clareza, os efeitos danosos de uma concepção estreita e distorcida de toda a amplitude da dignidade humana.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas e autor de diversos livros (martinelliadv@hotmail.com)
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