Mestres mal pagos em todo o País; excesso da jornada de trabalho; humilhações; abandono de carreira e disputa frenética por vagas nos quadros da escola particular. O retrato do magistério brasileiro não poderia ser pior, e tem preocupado muito nos últimos anos. Infelizmente, a classe tem sido tratada com frieza, sem compromisso social, afastando-a de sua importância como principal componente da educação e da cultura geral.
Um aspecto muito triste que se tem verificado é que muitas instituições de ensino, competindo no mercado, têm colocado exatamente a figura do professor como a mais vulnerável do processo. Tanto que, qualquer circunstância envolvendo corte de custos, reflete diretamente no corpo docente.
Recentemente especialistas da UNESCO propuseram, diante dos desafios da atualidade – rapidez das comunicações em todo o mundo, mercados globalizados, sistemas instantâneos de informações, crise de empregos e necessidade de atualização e profissional e cultural - algumas características inerentes à formação do profissional do futuro: ser flexível, capaz e disposto a contribuir para a inovação e ser criativo; ser capaz de lidar com incertezas, estar interessado e ser capaz de aprender ao longo da vida; ter adquirido sensibilidade social e aptidões para a comunicação; ser capaz de trabalhar em equipe, desejar assumir responsabilidades, tornar-se empreendedor; preparar-se para o mundo do trabalho internacionalizado por meio do conhecimento de diferentes culturas e, finalmente, ser versátil em aptidões multidisciplinares e ter noções de áreas do conhecimento que formam a base de várias habilidades, como tecnologias e informática.
Como alcançar tais atributos se os professores brasileiros não são entendidos como protagonistas imprescindíveis na implantação das ações que melhorem a qualidade do ensino? Hoje, infelizmente, são meros executores de políticas educacionais originárias de gabinetes governamentais, sendo as circunstâncias salariais e estruturais ao exercício profissional as piores possíveis. É preciso garantir-lhes efetiva participação nos processos decisórios de gestão educacional e também lhes outorgar condições para que possam se desenvolver dentro dos padrões necessários e compatíveis com a realidade.
Com razão já expressava o eminente educador Paulo Freire: - “A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética”.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário (martinelliadv@hotmail.com).
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