O Dia Internacional da Amizade, comemorado a 20 de julho, foi criado pelo filósofo e sociólogo argentino Enrique Ernesto Febbraro, inspirado pela chegada do homem à Lua, nesta data em 1969. Em alguns estados brasileiros como o Rio de Janeiro, sua celebração é determinada por leis próprias, motivadas estritamente por apelo comercial – um evento para troca de presentes. No entanto, o seu propósito original é incentivar a reflexão sobre esse importante e necessário instrumento de união entre as pessoas, notadamente num mundo extremamente consumista e competitivo.
Apesar do tema se constituir em fonte inesgotável de todas as formas artísticas (que o digam Milton Nascimento e Renato Teixeira), o unilateralismo prevalece de maneira assustadora. Com efeito, o dinamismo provocado pelos reflexos materialistas leva os indivíduos a se fecharem em si mesmos, pois passam a viver em função de ganhos, posição social e poder, como se tais aspectos fossem fundamentais às suas realizações. Esquecem-se das circunstâncias humanistas e imprescindíveis à própria felicidade, como gestos e atitudes fraternas, relacionamentos afetivos, solidariedade com o próximo, respeito a todos os seres vivos em geral e tantas outras, sobrepostas por interesses exclusivamente pessoais e ao mesmo tempo, carregados de puro egoísmo.
Nesta trilha, a psicóloga Rosely Sayão assim se expressou: “Fazer amigos ajuda a combater a ideologia consumista de nosso tempo, que pega tão pesado com os jovens, já que ter amigos subverte a lógica do consumo. Quem cultiva amizades entende que mais importante do que ter o poder de ter algo é ter alguém ao lado, poder contar com alguém” (Caderno Equilíbrio, Folha de São Paulo, p. 12 -25/08/2005).
Por outro lado, o cultivo da amizade gera satisfação, apoio, segurança, lealdade, conforto e principalmente, respeito à ordem social da qual o Direito é o seu instrumento regulador. Ocorre que, quando os indivíduos se conhecem, se gostam e se respeitam, dificilmente infringem normas legais, uns contra os outros. Tanto que ela é citada por Aristóteles como uma das principais bases da consolidação do regime democrático. Ele igualou esse relacionamento sadio entre irmãos à democracia, que só seria possível pelo processo de fraternização.
Desta forma, a data de 20 de julho é muito importante, já que busca valorizar as ligações amistosas entre as pessoas e que estão praticamente ausentes da convivência na atualidade. Com efeito, a rapidez na luta pela sobrevivência, tem evitado uma vida mais afetiva, desprendida e próxima dos outros, aspectos que, embora praticamente ignorados diante da atual crise de valores, são benéficos ao nosso amadurecimento. A amizade transmite confiança, compreensão, atenção, perdão, cumprimento, simpatia e outros atributos significativos à nossa realização em vida. “É por isso que os amigos, ainda que ausentes, estão presentes. Ainda que pobres, têm abundância; ainda que fracos, são fortes e, o que é mais difícil dizer, ainda que mortos, estão vivos: tamanha é a consideração, a lembrança, a saudade dos amigos que os acompanha (...)”, escreveu Santo Agostinho, em Confissões IV. E Roque Schneider indicou: “a amizade é a doce canção da vida e a poesia da eternidade”.
Quando formos capazes de pensar na satisfação de todos e não apenas em vantagens próprias, iremos superar a conjuntura moral do mundo e, em conseqüência, as dificuldades econômicas, sociais e tantas outras que afligem o homem e a nossa realidade será mais amena e conviveremos mais e melhor com nossos semelhantes.
25 de julho. DIA DO ESCRITOR NO BRASIL
“Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira” (Carlos Drummond de Andrade). Homenagem aos escritores, grandes responsáveis pelo avanço no desenvolvimento da sociedade em todos os aspectos, até no de construir sonhos, sem os quais a vida não tem quase nenhum encanto.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
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