Celebra-se sexta-feira próxima, sempre na primeira de março, o Dia Mundial da Oração, que se originou de um movimento iniciado por mulheres em 1887 e, desde então, congrega pessoas de diferentes raças, culturas e tradições religiosas, para orarem em conjunto.
Constitui-se num evento de grande relevância já que visa difundir uma das principais e mais importantes condutas ou até hábitos praticados pelos seres humanos. Realmente a oração se revela num ato interior do indivíduo, com a qual conversa com Deus para pedir graças; solicitar proteção, saúde, melhores condições de vida, emprego, cura interior, paz e segurança para si, familiares e amigos; declarar seus temores, anseios e necessidades diárias; e muitas vezes, para se redimir, desculpando-se por suas atitudes egoístas, invejosas e outras contrárias aos princípios e valores espirituais.
Outras vezes, para agradecer por tudo que o Criador nos oferece como o ar que respiramos; a natureza que continuamente floresce; as realizações que temos em nossas vidas; os alimentos que ingerimos; os trabalhos que executamos e as dádivas e coisas, simples ou importantes que alcançamos, ou seja, louvamos o Senhor demonstrando nossa fé, sem discriminação de religião, crença ou seita.
Busca-se uma força que se pode dizer divina, para obter o que almejamos principalmente certa tranquilidade de consciência perante o momento da morte e também mais harmonia, amizade e respeito, tão difíceis na atualidade.
O autor de “O Pequeno Príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry disse com brilhantismo: “A grandeza da oração reside principalmente no fato de não ter resposta, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio”.
Façamos um convite a nós mesmos: inspirados por esta data comemorativa também nos silenciemos por alguns instantes e oremos. O propósito da prece, segundo o profeta Mateus, “não seria o de alterar a vontade de Deus, mas de obter para nós mesmos ou para os outros, bênçãos e graças que Ele já estaria disposto a conceder, mas que deveriam ser solicitadas para se obter. Através da oração, poderemos compreender que a Sua palavra é a que ensina, reconforta e traz esperança, revelando-se nas mais diversas formas, tais como um sorriso infantil, a emoção de uma descoberta, um instante de reflexão, os gestos comuns, a liberdade, a luta por igualdade, o respeito ao próximo e principalmente, a partilha”.
A maioria das pessoas tem consciência desses atributos, mas por comodidade e apego material, adapta os ensinamentos religiosos aos próprios interesses. Interpretam-nos de acordo com tudo que lhes convém, modificando a essência clara e extremamente nítida dos princípios e pregações. Cria normas de conduta específicas, justificando isoladamente o egoísmo de que é dotada, permanecendo inaudita aos verdadeiros valores. Pratica auto-religião, simula atos caridosos e tenta enigmaticamente esconder-se do remorso que a persegue. É por isso que o mundo se encontra moralmente tão instável e frágil, no qual o predomínio de uma cultura consumista, obediente a ditames exclusivamente econômicos, vem sufocando a espiritualidade e esfriando a convivência humana.
Rezemos para que o mundo seja mais humano, fraterno e solidário e que consigamos manter uma postura digna mesmo diante dos percalços da vida Reitere-se que “dez minutos orando são melhores do que um ano murmurando” como asseverou Charles Haddon Spurgeon.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academais Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotamail.com)
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