O Dia Nacional da Poesia no Brasil era comemorado em 14 de março, no aniversário de Castro Alves. A partir de 2015, a Lei 13.131 mudou a data para a do nascimento de Carlos Drummond de Andrade, ou seja, 31 de outubro, próxima quarta-feira.
Vale a pena comemorá-lo. Com efeito, a poesia é a voz da alma e, como tal, imprescindível para que possamos retratar nossa imaginação. Tanto que pouco antes de morrer em 1987 o próprio Drummond, com toda razão, se expressou: “A poesia, que é um alimento para o espírito e o coração, pode ser vivida todos os dias. Ela tem me acompanhado por toda a vida”. Tenho um hábito: leio e posto diariamente trabalhos de poetas, consagrados ou não, tornando minha existência mais alegre, serena e permanentemente esperançosa. Agradeço a Deus por existirem pessoas que em determinados momentos recebem inspiração para criar obras poéticas que nos encantam e levam a um mundo de magia, fantasia e até de reflexão. Prestando-se como meio de comunicação e expressão, dotado de inúmeros recursos, é um gênero literário que se diferencia por ter como matéria prima a interioridade de seus autores. Apesar de se originar do grego, significando criação ou fabricação, a palavra vem há muito tempo denominando a arte de escrever em versos e eu completo: para nosso deleite. Evan do Carmo escreveu que “poesia é a arte da contemplação, da beleza e do absurdo. Música que se exprime com palavras”, enquanto Cecília Meirelles dizia que “a arte de amar é a mesma de ser poeta”. E o ensaísta argentino Ernesto Sábato se expressou: “Arte e literatura se unificam naquilo que chamamos poesia”. Mário Quintana extremava-se: “A diferença entre um poeta e um louco é que o poeta sabe que é louco... Porque a poesia é uma loucura lúcida”. Qualquer que seja sua concepção, a poesia é necessária para exaltarmos nossa sensibilidade, inspirando-nos a compartilha-la com quem convivemos. “A poesia imortaliza tudo o que há de melhor e de mais belo no mundo (Mary Shelley)
Por isso novamente invoco a Sociedade dos Poetas Mortos: “Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor... é para isso que vivemos” Sociedade dos Poetas Mortos)
Segunda-feira é o Dia Nacional do Livro
O Dia Nacional do Livro, 29 de outubro, surgiu em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional do Livro, em 1810, pela Coroa Portuguesa. Na época, D. João VI trouxe para o Brasil milhares de peças da Real Biblioteca Portuguesa, formando o princípio da Biblioteca Nacional do Brasil (fundada em 29 de outubro de 1810). A data, além de homenagear e destacar a importância da Literatura e dos escritores, também busca conscientizar as pessoas sobre os prazeres da leitura. Com efeito, desde a Antiguidade, a obra literária é a grande companheira do ser humano, tanto que André Maurois brilhantemente indicou: “A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde”
31 de outubro, comemoração do Halloween
Mais do que nunca, necessitamos manter nossas tradições para que não sejam influenciadas diretamente pelas de outros países, sem quaisquer referências com o nosso passado e o próprio futuro. A não ser que despreocupadamente estejamos perdendo definitivamente a nossa identidade cultural. Respeitamos e até gostamos das comemorações do “halloween”, mas não podemos esquecer nossas tradições, cumprindo, inclusive, o disposto no art. 216 da Constituição Federal: é “obrigação do Poder Público, mas com a colaboração da sociedade em geral, promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro”.
Breve reflexão
Perguntaram para Carlos Drummond de Andrade se ele gostava de poesia. Sua resposta: “Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente, bichos, plantas, lugares, chocolate, vinho, papos amenos, amizade, amor. Acho que a poesia está contida nisso tudo”.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
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