PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sábado, 14 de Abril de 2018
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - PARA OS ÍNDIOS, A NATUREZA É UM BEM SAGRADO, SEM VALOR ECONÓMICO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dezenove de abril é consagrado como o Dia do Índio porque nesta data, em 1940, realizou-se no México, em Patzcuaro, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, reunindo representantes de várias nações com a finalidade de debater assuntos relacionados às suas comunidades, ocasião em que se criou o Instituto Indigenista Interamericano, o qual o Brasil se integrou por iniciativa de Marechal Rondon.

Apesar de serem muito lembrados em função dessa comemoração,   até hoje os índios no Brasil são alvos grande descaso e travam incansáveis lutas por uma sobrevivência digna e humana, e esse manifesto desleixo persiste perante toda a proteção que lhes é assegurada pela Constituição Federal. Desta forma, propor uma reflexão sobre a questão no Brasil implica, num primeiro momento, retomar a sua história desde os primórdios da colonização.

Eles já estavam aqui muito antes da chegada dos portugueses. Estes, por sua vez: - tomaram-lhes a terra, - escravizaram muitos de seus membros e - roubaram muito de sua riqueza. Em 1500, havia entre três a cinco mil tribos de índios espalhados por quase todas as regiões brasileiras e a vida deles estava completamente integrada à natureza. Surgiu o embate interesse econômico (exploração) vs. apego aos recursos naturais.

É de se destacar assim, o nítido processo de imposição dos colonizadores diante destas populações. Tanto que a terra, o ar, o sol, o rio, elementos sagrados para eles, como ainda hoje o são para os poucos que restaram, representavam, e representam, a sua origem e sua pele. Para os colonizadores, diferentemente, no contato com a "nova terra", o significado estava naquilo que poderiam retirar de lucrativo para o mercado europeu.

E apesar de tudo, eles ainda nos têm muito a ensinar, já que acolhem a terra como bem comum, confundindo-a com a própria vida, empenhando-se na manutenção de suas raízes humanas, religiosas e sociais. Com raro brilhantismo, o prof. Dalmo de Abreu Dallari assim se manifestou: “Para os índios brasileiros, a terra não é um valor econômico, mas um bem essencial para sua sobrevivência. Isso é muito diferente da concepção dos que invadem áreas indígenas visando aumentar o patrimônio sem parar pelas terras de que se apossam ilegalmente, sem consideração de ordem ética e sem respeito pela vida e pela dignidade dos seres humanos que são os índios” (Folha de São Paulo- 23.08.2008- A-3).

         A maior parte das comunidades indígenas foi dizimada no processo de dominação. Estima-se que, à época do descobrimento, até 5 milhões de índios habitavam o país. Hoje, restaram cerca de 800 mil (0,4% da população), segundo dados do Censo 2010. Assim, é preciso que a sociedade brasileira e as instituições oficiais trabalhem intensamente no sentido de consolidarem a situação dos índios, tendo como enfoque principal, a preservação de suas tradições, usos e costumes, e que o Poder Judiciário efetivamente proteja e ampare seus anseios fundamentais, tornando concretos os direitos que dispõem constitucionalmente, principalmente a demarcação de suas terras.

 

 

 

Tiradentes, o profeta do Brasil com que sonhamos

 

 

 

Para muitos historiadores, o caso de Tiradentes é extremamente relevante por ter participado de uma conspiração que pretendia realizar a libertação do país, ou melhor, de Minas Gerais e capitanias vizinhas. A razão mais forte do movimento era a constatação da decadência em que se encontravam as finanças públicas e a política fiscal extorsiva do Governo português. Os inconfidentes - poetas, magistrados, sacerdotes, advogados, militares – chegaram a fazer até uma bandeira, com os dizeres, “LIBERDADE, AINDA QUE TARDIA”. Com a delação do grupo por  um de seus integrantes, sofreram duras condenações mas suas ideias libertárias prosperaram. Tiradentes, cujo nome era Joaquim José da Silva Xavier, morreu enforcado. Ele sempre será o profeta daquele Brasil com que sonham todos os brasileiros, livre de políticos que impedem, por interesses pessoais ou de grupos econômicos, o necessário desenvolvimento. Sua lembrança nos indica que está mais do que na hora de separarmos o joio do trigo (ou os traidores dos heróis) num época em que a ética e o bom-senso parecem distantes da conduta de muita gente.

 

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor na Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 19:31
link do post | favorito

Comentar:
De
 
Nome

Url

Email

Guardar Dados?

Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres

 



mais sobre mim
arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links