Quando chegava seis de janeiro, eram colocados os Reis Magos bem próximos do Menino Jesus nos presépios. Era motivo de muita tristeza para mim, que como todo garoto adorava o belo período, pois eles prenunciavam o seu fim. É que no dia seguinte as árvores seriam desarmadas; guardar-se-iam as guirlandas, os festões prateados e as imagens do nascimento de Cristo. Parecia que a magia se encerraria, arquivando-se os encantos e os sonhos típicos até o próximo ano.
No entanto, depois de algum tempo entendi a grande importância dessa tradição em suas várias concepções. Do ponto de vista religioso, conforme relata o Evangelho de Mateus, eles chegaram a Jerusalém e ali indagaram o lugar em estava o rei dos judeus que acabara de nascer e cuja estrela, chegaram a vê-la do Oriente, de onde chegavam para adorá-Lo.
Embora sempre apareçam como persas em representações artísticas, seriam reis de reinos não especificados, e no sentido bíblico, representavam as nações que reconheceram no menino o monarca prometido. Seus nomes eram Melquior, Gaspar e Baltazar e os presentes que ofertaram significavam divindade, transcendência e eternidade.
Para muitos, foram os precursores da globalização, pois ao cruzarem inúmeros obstáculos e percorreram diversos caminhos aproximaram povos e culturas diferentes através de um objetivo comum, o de reverenciar o filho de Deus que se fez homem.
Sob o prisma da tradição, a celebração festiva dos Reis Magos carrega consigo uma rica simbologia que felizmente resiste ao tempo e às indiferenças de milhares de pessoas, ultrapassando fronteiras geográficas e culturais. Tanto que em muitas cidades do Interior, mesmo de São Paulo, grupos folclóricos apresentam a denominada “Folia de Reis”. Trata-se de um folguedo popular, cujo termo na cultura, quer dizer representação teatral, cênica; ou seja, é um teatro do povo. A comemoração conta história da viagem e assim como eles, a folia vai, de casa em casa, adorar o Menino Deus no presépio ou lapinha. À frente do grupo vai bandeira, que para os foliões significa o sagrado.
Durante muitos anos em Portugal e na Espanha (e aqui no Brasil e em países de idioma castelhano da América), era no dia seis de janeiro que se fazia a entrega dos presentes às crianças, lembrando as oferendas (ouro, incenso e mirra) que levaram ao Menino Jesus.
Iniciaram um processo de internacionalização enfocado em ideais de justiça, de afeto, de amizade, de tolerância e principalmente do respeito indistinto a todos. Apesar de encerrar o ciclo natalino, a festa dos Reis Magos reafirma as mensagens de solidariedade e fraternidade do Natal, induzindo-nos a vivenciá-las durante todo o ano.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É ex- presidentes da Academias Jundiaienses de Letras e Letras Jurídicas. Autor de vários livros. (martinelliadv@hotmail.com)
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