As celebrações do “Dia de Todos os Santos” e de “Finados” leva-nos em certos instantes a refletirmos sobre a questão da morte, que embora seja a nossa única certeza, ninguém se sente confortável falando sobre ela e nunca se está preparado para enfrentá-la, mesmo se revelando num dos poucos fenômenos acerca dos quais temos absoluta certeza: basta ter nascido para que se venha a morrer.
Raramente nos detemos a meditar sobre o assunto e nem mesmo nos lembramos desse evento final comum a toda a humanidade, inevitável e certo. Ela constitui um medo universal, que nos aflige e que dependendo de seu grau, algumas vezes, pode ser dominado.
Quando ocorre o falecimento de uma pessoa próxima, que caracteriza uma perda, passa-se a pensar na própria morte, fazendo com que todos os significados e vulnerabilidades pessoais sejam remexidos. As pessoas que passam pelo luto acabam sendo colocadas em uma posição de negligência para o seu sofrimento, quando este deveria ser avaliado para poder ser minimizado.
De fato, elas repensam as suas vidas, entrando até em conflito, chegando a pensar no que poderiam ter feito, o que deixaram de fazer. Em determinados momentos, pode-se pensar que o que o importa é o que ficou, como as boas lembranças e que a vida continua.
Na perda de uma pessoa querida, o luto vai depender da qualidade das relações que tivemos com ela. É difícil acreditar que somos finitos e, em nossos inconscientes, torna-se difícil concebermos a própria morte. Alguns a desafiam, na velocidade, em situações de risco. Outros são surpreendidos por uma doença, uma fatalidade.
Assim, seria bom aceitar a morte com relativa naturalidade e com o respeito que desperta, sem dar-lhe caráter de neutralidade, convivendo fraterna e responsavelmente com os outros, inclusive com aqueles portadores de moléstias graves, a fim de lhes propiciar melhores condições de vida, mesmo acometidos por precárias situações de saúde, oferecendo-lhes também, sempre que possível efetivo apoio psicológico.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
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