Jundiaí é um dos municípios mais antigos do Brasil. Já existia no século XVII. Guardei a data de 1615 como referência, embora não desconheça a polêmica travada entre historiadores que conheci bem: Alceu de Toledo Pontes, Inocêncio e Mário Mazzuia, Padre Antonio Maria Stafuzza e, mais recentemente, o nosso saudoso Tomanik.
Hoje parece não existir um interesse especial pela História local, nada obstante a riqueza que ela oculta. Não se celebram os próceres que nestes seis últimos séculos – do XVII ao XXI – contribuíram para que Jundiaí fosse o que é hoje. Cidade pujante, com excelente qualidade de vida, privilegiada com esse tesouro que deveria ser intangível: a Serra do Japi.
Na prospecção arqueológica é que às vezes encontramos jundiaienses ilustres. Como José Maximiano Pereira Bueno, filho de Francisco de Paula Pereira Bueno e D. Ana Joaquina Gonçalves Pereira Bueno, pais de uma prole de oito. Mudaram-se para Campinas em 1880 e José logo se empregou como telegrafista na Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Indignou-se com a venda de escravos que se fazia abertamente em Campinas e se aproximou de um grupo que os libertava. Logo se tornou amigo de Campos Sales, Glicério de Freitas e seu irmão Jorge Miranda, dos Quirinos, José Paulino, Rangel Pestana e Bernardino de Campos.
Quando Campinas enfrentou uma grave epidemia em 1889, ele ficou à frente da administração local, enquanto José Paulino caía enfermo. Escreveu a Francisco Glicério para comunicar que havia mais de 400 doentes, para uma população que não chegava a 3 mil almas.
Tornou-se empresário bem sucedido e quando Campos Salles, seu amigo, se tornou Ministro da Justiça do governo provisório da 1ª República, sugerindo importantes providências para a organização municipal.
Campos Salles não só respondeu, mas prestou contas do que faria para dar vez e voz às cidades. Pelágio Lobo, de quem extraio estas recordações, afirma que esse valoroso jundiaiense, “embora procurando a penumbra das segundas linhas, foi acatado em Campinas e fora dali como modelo de varão de uma probidade pessoal sem decaídas nem colapsos, e de uma bravura cívica que muitas vezes chegava ao destempero de violentas explosões”. Pena que não tenhamos um Panteão dos Jundiaienses Ilustres, para preservar sua memória e mantê-la viva para as futuras gerações.
JOSÉ RENATO NALINI é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020.
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