O Brasil terá uma chance de revigorar a combalida crença na Democracia Representativa se tiver juízo e eleger os menos piores no próximo outubro.
O grau de descrença na representação chegou a nível inimaginável. A sensação generalizada é a de que inexiste probidade no universo contaminado da política partidária.
Só que a humanidade se afastou bastante daquela utopia imaginada por pensadores otimistas, de que a evolução seria lenta, gradual mas em contínua ascensão. Chegaria a era em que não seriam necessários os instrumentos de manutenção da ordem, pois esta resultaria de uma racionalidade extrema. Os homens não precisariam de freios para mantê-los em harmonia, cada qual cuidando de seus interesses e permitindo que o semelhante cuidasse também dos seus.
A utopia da desnecessidade de força, de governo, de legislação. Se a lei é a relação necessária que se extrai da natureza das coisas e se naturalmente o ser humano é bom, inclinado a se solidarizar com o próximo, a sociedade ideal seria a resultante desse convívio saudável de pessoas de bem e determinadas a praticar o bem.
Inversamente aos projetos que hoje parecem delírios febris, houve uma rápida deterioração da vida pública. Em lugar do bem comum, o político preferiu cuidar do seu exclusivo bem. O descompromisso em relação a quem o elegeu é a rotina. Procura-se o representado apenas às vésperas dos pleitos. A confusão entre a coisa de todos e aquilo que vai para o próprio bolso é uma regra que raramente admite exceção.
É urgente que surja um novo Diógenes que, com sua lanterna acesa à luz do dia procure um político honesto. Alguém que não apenas seja honesto, mas que não admita que a desonestidade more em sua casa. Que não faça alianças com suspeitos. Que não transija com o seu dever de defender a coletividade. Que não admita que, em seu nome, se pratiquem injustiças ou crueldades.
Há quem sustente que ainda existam políticos assim. Queira Deus consigam ser eleitos. O quadro atual exibido pela classe integrante do modelo brasileiro de Democracia Representativa não suscita a confiança em grau suficiente a aspirar sejam muitos. Pesquisemos, garimpemos, animemo-nos a encontra-los e talvez reencontremos a esperança em dias melhores para esta nossa tão sofrida Pátria.
JOSÉ RENATO NALINI é desembargador, reitor da Uniregistral, escritor, palestrante e conferencista
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