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Sábado, 2 de Julho de 2016
JÚLIA FERNANDES HEIMANN - PALMA MATER

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      Para sabermos quando D. João VI mandou formar o Jardim Botânico - no Rio de Janeiro - ou abriu os portos brasileiros às nações amigas é fácil, basta consultarmos livros de História; para os mais novos, consultar a Internet.

     No entanto, são as “coisas miúdas”, os pormenores fora dos livros que dão sabor à leitura e ao conhecimento.

     Ao visitarmos o Jardim Botânico, encontramos, entre centenas de espécies raras de plantas, uma palmeira interessantíssima: a Palma Filia, e resolvemos contar algo sobre ela.

    Essa palmeira é descendente da Palma Mater, plantada por D. João VI, em 1809. O primeiro exemplar foi trazido pelo oficial português Luiz Vieira da Silva, quando fugiu da prisão na Ilha Mauricius, na França. Para agradar ao então regente D. João, o oficial retirou uma muda do Jardim Gabrielle e a trouxe na viagem de fuga que empreendeu ao Brasil.

    Quando foi plantada, pelo próprio D. João, recebeu o nome de Palmeira Imperial (Roystonea Oleacerea).

     Os frutos das palmeiras são pequenos coquinhos, sendo também estes as suas sementes. Quando amadurecem e caem na terra, brotam normalmente.

     No caso da Palma Mater, para que fosse a única espécie, os escravos que cuidavam da limpeza no Jardim Botânico eram obrigados a queimar, sob a rígida vigilância do feitor, todos os frutos caídos.

     Porém, eles eram escravos mas  não eram bobos. Perceberam o valor daquele  espécimen porque muitos estudiosos da flora o observavam e procuravam, atentamente, por algum fruto esquecido no chão.

     Quando tinham oportunidade de entabular uma conversa, sorrateiramente, perguntavam se havia algum interesse nos frutos, o que os botânicos logo afirmavam.

     Os escravos então, à noite, livres da vigilância do feitor que dormia, subiam na Palma Mater, tiravam alguns frutos e os escondiam.

    Pela manhã, recolhiam os caídos e os queimavam, sob pena de serem chicoteados.

   Os frutos retirados e escondidos eram vendidos por 100 réis cada.

   A propagação dessa palmeira no Brasil deve-se, então, aos espertos escravos da época.

   A Palma Mater viveu 163 anos. Em 1972, foi fulminada por um raio. Em seu lugar foi plantada uma muda, a Palma Filia, que não é filha única devido aos “desobedientes” escravos!

   Continuando com curiosidades, lemos que a maior semente de palmeira que existe é a da Lodoicea Maldivica, originária das Ilhas Seychelles, ilhas inglesas no Oceano Indico. Ela, a semente, pesa cerca de vinte e oito quilos e seus primeiros frutos só nascem depois da árvore-mãe completar cem anos. Equiparando-se ao milagre concedido à Sara, mulher de Abraão, que gerou Isaac aos cem anos.

    É a natureza nos dando lições.

 

 

 

JÚLIA FERNANDES HEIMANN   - escritora, poetisa e acadêmica. Jundiaí. 

                                                             



publicado por Luso-brasileiro às 17:07
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