Machucou-me a situação experimentada pela mamãe na tentativa de um golpe, via ligação telefônica. Segundo o autor, eu seria vítima de assalto, por ele detida e com a proposta de que transferisse para a conta do mesmo o valor de cinco mil reais. Para ela, a voz que pedia socorro era minha. Dobrada, sob os seus noventa e quatro anos, ficou, por meia hora, tentando negociar com o golpista, justificando que não sabia fazer transferência de valores via internet e que não teria, também, condições de ir sozinha ao banco para o depósito, já que suas pernas não possuem a mesma firmeza, devido à idade. E a criatura, que me representava, dizia em voz de súplica: “É a minha vida, mãe!” E o indivíduo insistia que não iria me devolver.
Ao chegar em casa, observei-a ao telefone, em conversa que me pareceu equilibrada. Somente quando a chamei, porque o diálogo se alongava, entrou em pânico. Em um primeiro momento, acreditou que eu era uma alucinação produzida por seu desespero, pois me encontrava prisioneira. Que crueldade! E seguiram horas de lágrimas, medo, angústia e, de certa forma, de luto, pois esses “mestres em extorsão” possuem a habilidade malévola de entrar na mente das pessoas mais frágeis e fazerem-nas sentir a perda.
Dolorosa demais a tortura psicológica a que foi submetida e que se acentuou pela idade cronológica.
Considero que esse golpe continua acontecendo pela indiferença das redes de telefonia e de quem possui poder sobre elas em exigir formas de coibi-lo. E, também, pela perversidade que se espalha em diferentes segmentos da sociedade. Essa escassez de coração que bate e se comove com o próximo.
Assim que aconteceu, como desabafo, relatei os fatos, indignada, no Facebook e no Whatsapp, e usei termos de condenação extrema ao executor. Expressei-me com o sangue fervendo. São três situações do sangue que tenho: de “barata” em alguns momentos, de fervura em outros e equilibrado. Mas o Mestre, que me foi apresentado, a partir do ventre materno, e pelo qual me apaixonei desde minha infância, Jesus Cristo, me convida, todos os dias, a permitir que o sangue dEle, derramado na Cruz, circule em minhas veias. Compreendo que o agente da maldade com minha mãe também é filho de Deus, mas, por razões que desconheço, aprendiz do mal. Rezo para ela e ele, com o propósito de que elevem os olhos para o Céu.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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