A mãe me procurou para pedir ajuda. A filha de 16 anos usa drogas ilícitas. Aos treze, lhe contaram que usava maconha. Deu conselhos e não se assustou tanto, pois considerava como risco menor. Um aparte: o médico cancerologista, Dr. Dráuzio Varela, no jornal “Folha de São Paulo”, em sete de julho último, afirma que “diversos estudos mostram que o impacto repetitivo da maconha no cérebro ainda adolescente é insalubre, com interferência na memória, na atenção, na velocidade de processamento de informações e na concentração”. Proponho à mãe, além de outros procedimentos, o exercício de limites à filha para que evolua na escola e horários bem determinados de saída e de chegada. Justifica que a filha desenvolve atividades, com o propósito de ocupar seu tempo, muito mais prazerosas do que aquelas que indiquei. Senti-me impotente para colaborar. Não creio que seja possível vencer situações de perigo e ultrapassar caminhos funestos sem a obediência a barreiras do bem.
A outra mãe me diz que não consegue mais conter o filho de 11 anos. O menino é rebelde e, questionado, responde com agressividade que ninguém manda nele.
Sou favorável à disciplina interior desde que a criança começa a ter consciência do seu existir. Essa disciplina passa por “sim” e “não” bem determinados e explicados numa oferta de amor exigente. Amor exigente, no entanto, somente é possível com renúncias e a aprendizagem delas deve partir da observação dos adultos que educam os menores. Incoerência entre o discurso e a prática é danoso. Os direitos de um homem e de uma mulher a saírem descompromissados, pela vida, recuam ao terem um filho. Li, no livro “Intimidade Divina”, do Padre Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD (1893-1953), que “o pensamento é o olho que orienta as ações”. Quais os pensamentos que, hoje em dia, os pais motivam para os filhos? De ordem ou desordem nas emoções? Voltados para o diálogo ou para a violência? Ou silenciam?
Há uma frase, de cujo autor não me recordo o nome, a respeito do perigo das janelas interiores abertas para o demônio. Tenho refletido muito sobre isso em diversos acontecimentos. Tenho as minhas que, se não tomar cuidado, escancaram.
Creio que os limites precisam de encantos, numa sociedade permissiva e arrogante como a nossa, e se tornam escolhas quando há janelas próximas abertas para o Sol.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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