Desfile da Independência no Jardim Novo Horizonte em cinco de setembro.
“...Parabéns, ó brasileiro,
Já com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil...”
A senhorinha veio à rua para ver o desfile passar. Manhã gelada. Não se intimidou. A sacolinha nas mãos, gorro na cabeça e paletó de lã. Só sorrisos, em especial quando via passar as fanfarras.
A felicidade e o ritmo dela me pareciam de “A Banda” de Chico Buarque:
“Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor.
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor...”
Por certo, entrou na cadência do passado com vontade de caixa de repique, bumbo, pratos, baqueta, corneta... Uma mistura de saudade e sonho, que as rugas não detiveram. Fazia questão de inclinar-se ao passar os integrantes da fanfarra e de lhes tocar a mão ou o braço. Alguns a olhavam com estranheza, contudo não se importava, estava ali em plenitude e desejava se fazer presença nos aplausos e apoio. De certa forma, ia e retornava; voltava e prosseguia... Para aonde? Não sei. O essencial é que o ritmo se estendia pela Estrada Municipal do Varjão e ela se encontrava ali, dentre tons, sons, fantasias, maracatu, capoeira, conquistas...
“...Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do cruzeiro resplandece. (...)
Teus risonhos lindos campos têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida no teu seio mais amores...”
Um dos jovens, que tocava surdo, encantado com o brilho de seus olhos, voltou-se para ela e lhe beijou as mãos. “Brava gente brasileira”. Que gesto mais lindo!
E “a marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu...”
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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