Senti demais ao saber que o Daniel Nasser Zanni partira. Mas como? De uma hora para a outra? Bem assim. Conhecia-o desde bebê e, ao encontrá-lo, via nele a mãe minha xará, sua avó Da. Theresinha, o Paulo, seu pai, e seu irmão Guilherme. Era ele da plenitude em ser e fazer.
Lembrei-me da passagem bíblica, comove-me, do primeiro Livro dos Reis 19, 11-13 que relata um acontecimento na vida de Elias: “O Senhor disse-lhe: ‘Sai e conserva-te em cima do monte na presença do Senhor: ele vai passar’. Nesse momento passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu; mas o Senhor não estava no tremor de terra. Passado o tremor de terra, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma brisa ligeira. Tendo Elias ouvido isso, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna...” Deus estava na brisa. Por certo, no dia de sua viagem à Eternidade, o Daniel ouviu o murmúrio do Infinito e foi com a brisa tomada pelo Céu. Cessara o seu tempo do lado de cá e era de alma capaz de ouvir o sussurro do Senhor.
Recordo-me dele na Igreja com um de seus familiares e atento no Altar. Ao final da Missa ou das procissões, vinha depressa para um abraço por inteiro. Tratava com seriedade o seu trabalho na farmácia. Gostava de observá-lo repondo os produtos com perfeição.
Era da alegria e isso demonstrava, de maneira mais palpável, em suas participações no bloco Refogado do Sandi, que em tempo de Carnaval, vem para dar a cor dos confetes e serpentinas às ruas centrais, juntando marchas do passado com canções do presente. Lá estava ele caracterizado de alguma personagem que lhe agradava. A “deretora” do bloco, Gisela Vieira, pode contar melhor sobre ele em ritmo de festa.
Ao vê-lo, com tantos encantos e com a capacidade de criar laços, o mesmo do qual falara a raposa ao Pequeno Príncipe, quando ele lhe pergunta o que significava cativar e ela lhe responde: “É uma coisa muito esquecida. (...) Significa criar laços”, aplaudia à sua maneira de ser e a forma com que seus pais o criaram. Aliás, seus pais são heróis do bem.
Deve contar, ao Criador, muitas histórias sobre os seus e também as engraçadas que gostava de nos dizer. Sem dúvida, pede a bênção diária para aqueles que o tornaram um ser humano capaz de fazer a diferença na sociedade.
Daniel: abraço por inteiro aqui e proteção de anjo de lá.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
OS MEUS LINKS