Não é de agora que meninos e meninas, mais ousados, desafiam muros, cercas, alambrados, para comer frutas no pé. A reação dos proprietários dos espaços e dos pais, comumente, era e/ou são para que não voltem a repetir o que tinham feito. Frutas verdes nas árvores parecem conter um sabor inigualável.Terrenos assim hoje rarearam, pois deram lugar a edificações de cimento.
As intenções, os procedimentos e as reações, no entanto, podem se transformar em lição de ética ou em incentivo à criminalidade.
Quem me lê, conclua. O espaço é particular e possui alambrado. O adolescente – não aconteceu uma única vez -, à luz do dia, abre um buraco na proteção, entra por lá na horta ou no pomar e furta verduras e frutas. Em certas ocasiões, ouve que não é mais para fazer isso. As pessoas da casa, no entanto, saboreiam aquilo que foi furtado. Insisto: aconteceu e acontece diversas vezes. Travessura ou incentivo à criminalidade, pois o costume com pequenos furtos pode se transformar em grandes assaltos e outros. Depois, não adianta expressão de vitimismo, já que a primeira vítima, ao não ser educada adequadamente para o bem, é o menor de idade.
Semana passada, li um texto enviado por minha querida Maria dos Anjos, professora voluntária do curso de manicure na Casa da Fonte, sobre um jovem que se encontra com o velho professor e questiona se recordava dele. Comenta que se tornara professor também, inspirado por ele. Certa vez, em sala de aula, furtara o relógio de um colega. O professor disse que todos ficassem de olhos fechados, pois ele mesmo procuraria nos bolsos o relógio. Após vasculhar os bolsos, devolveu-o ao proprietário. Jamais disse quem foi que roubara o relógio, salvando a sua dignidade. Isso o fez não se converter em ladrão. O professor respondeu que se lembrava do episódio, no entanto não se lembrara dele, porque também fechou os olhos enquanto buscava. A conclusão do texto: “Esta é a essência do ensino: se para corrigir você precisa humilhar, você não sabe ensinar”.
Acrescento: se os responsáveis não preservarem, com educação adequada, os seus menores, aproveitando-se de seus desvios, os destinarão à desonra futura. Não servem para estar com eles.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
OS MEUS LINKS