Surgiram cogumelos brancos em volta da árvore da calçada em frente de onde moro. No quintal em que passei parte de minha infância e a adolescência, com árvores frutíferas, flores, plantas ornamentais, havia diversos tipos de cogumelo. Embora não os aprecie na culinária, gosto de suas formas e cores. Talvez o meu encanto por esses elementos do Reino Vegetal – alguns cientistas preferem classificá-los à parte, tantas são suas diferenças em relação às plantas -, desprovidos de clorofila, que pertencem ao agrupamento de fungos, esteja ligado aos contos de fada que ouvi e li. Segundo antigas lendas irlandesas, os duendes costumavam aparecer nas florestas durante a noite, para brincar e dançar com as fadas. O lugar escolhido era sempre uma circunferência formada por dezenas de cogumelos. Falava-se que uma série de castigos desabaria sobre quem se atrevesse a desmanchar um desses círculos. E de outros países também existiam histórias fantásticas sobre cogumelos, seus poderes mágicos e os perigos que apresentam.
A primeira impressão que me deu, ao vê-los, foi que pertenceriam a alguma fábula de natal e os colocaram ali por engano.
Tirei algumas fotos e as postei no facebook, perguntando ao meu amigo biólogo, prof. José Durval Imperato, a possibilidade de identificá-los. Apenas curiosidade. Em seguida surgiram comentários repletos da magia do rever-se que tocam o coração. O Durval e eu demos aula no SESI – 409. Alguns alunos, que já haviam me localizado no Face, alegraram-se pela presença do Durval. Surgiram para uma conversa com lembranças de como estudavam, de nossos recursos didáticos: Dani Pinheiro, Adriana Nolli Ruiz, Luís Gustavo Stringari, Ricardo Saito, Amanda Gabrieli Brossi, Isabel Pessotto...
Retornei ao tempo deles e os vi na atualidade. Tenho certeza de que muita coisa, no relacionamento humano, deixei de lhes dizer ou vivenciar por ter descoberto somente depois. Meu pai gostava de repetir: “Ah, se a juventude soubesse e a velhice pudesse!” Contudo, como eles eram e permanecem de alma grande, não deixaram que minhas dificuldades e limites arranhassem as reminiscências, assim como outros ex-alunos que me chamaram no Face.
Verifico, agora, que os cogumelos brotaram ali para alinhavarem ternuras de Natal no reencontro com as palavras feitas de festa e afeto de um grupo de ex-alunos.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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