Considero Deus de delicadeza extrema. Clarice Lispector, certa vez, escreveu sobre isso: “Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza”.
Quando Ele me propõe algo, não usa de voz grossa e de prepotência, embora seja o Senhor. Fala mansinho, sem imposições, no livre arbítrio. E tenho experimentado que os planos dEle são melhores que os meus.
Na semana passada, fomos – mamãe, Da. Guiomar Genari, Rose Ormenesi e eu -, à Missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Fomos como peregrinas para pedir a bênção a Maria para o ano de 2015 e depositar, aos seus pés, agradecimentos e pedidos.
Antes, como fazemos desde 2001, rezamos e refletimos no Mosteiro da Sagrada Face em Roseira - Casa Geral da Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote. Existe lá um silêncio tão pleno de céu, que é difícil explicar. Bem de acordo com o que li, um dia desses, a respeito da Beata Madre Teresa de Calcutá: um jornalista lhe perguntou o que ela expunha a Deus, ao rezar. Respondeu que não falava, escutava. O jornalista, então, lhe indagou sobre aquilo que Deus lhe manifestava e ela afirmou: “Ele não fala. Ele escuta. E se você não pode compreender isso, não posso lhe explicar”.
A música de entrada na Missa na Basílica: “Mestre, onde moras?”, contém os versos: “No meu coração sinto o chamado,/ fico inquieto, preciso responder./ Então pergunto: ‘mestre onde moras? ’/ E me respondes que é preciso caminhar/ seguindo Teus passos/, fazendo a história,/ construindo o novo no meio do povo. (...) Meu ‘sim’ é resposta/ é meu jeito de amar,/estar com Teu povo/ contigo morar!”
Nas Leituras do dia, Hebreus 3, 7-14 e Marcos 1, 40-45, o convite para não endurecer o coração e a cura de leproso por Jesus, que cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e proclamou: “Eu quero, fica curado!” O Celebrante, durante a homilia, enfatizou que, na época, tocar em um leproso significava também se tornar impuro. Jesus ultrapassou a lei e tocou naquele que necessitava não de julgamento, mas de misericórdia.
Não tive dúvida de que ali, neste começo de ano, em que tudo me indicava as bem-aventuranças, o Senhor, de maneira tênue, me mantinha na missão de abraçar com ternura as filhas e os filhos dEle que tropeçam pelas margens da humanidade e, de alguma forma, passam por meus caminhos.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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