Impossível traduzir, em uma crônica, a Irmã Maria Inês do Menino Jesus, OCD, no mundo Odete Trippe, que partiu, aos 87 anos, de pés descalços, identificando as pegadas do Amado. Posso, no entanto, escrever sobre aquilo que vivenciei através de contatos essenciais com ela.
Entrou-me ao coração em 1969, nos meus 15 anos. Eu integrava, sob a direção do inesquecível Padre Eugênio Inverardi, o Movimento Oásis, nascido na Igreja Trinità dei Monti em Roma. Após Missa do Oásis, no Carmelo São José, conheceu as integrantes do grupo. Alegrou-se por saber de minha filiação, pois fora colega de escola da mamãe. Juntaram-se vários aspectos para mim: a fé, a devoção a Santa Teresinha do Menino Jesus, herdada forte de minha avó paterna, o silêncio do Carmelo que fala do Céu, a amizade de adolescência da mamãe com ela e seu olhar que embalava as pessoas e se fazia bálsamo para as chagas dos caminhos. De intimidade divina, fez-se da sabedoria, da humildade, da misericórdia.
Assumiu-me em sua experiência do Reino de Deus entre nós. Demorei décadas para perceber com clareza isso e, talvez, ainda, não consiga interpretar por inteiro. Ao me “adotar”, trouxe ao Carmelo as mulheres em situação de vulnerabilidade social da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena. Trouxe a elas e a mim para restaurar, no tempo do Senhor, a nossa imagem e semelhança dEle. E como creio que, agora, prossegue na intercessão junto a Deus para esse reconstruir! Protegeu a alma, ou seja, a verticalidade da Pastoral da Mulher, que ultrapassa a caridade social, mostrando ao próximo o caminho que leva à Santíssima Trindade. Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus,OCD, em seu livro “Ao Sopro do Espírito” – Paulus (pág. 153), escreve sobre o fundamento da caridade na missão do cristão, muito além do social apenas.
Contou-me, em janeiro último, que, aos 10 anos, ao ouvir de uma professora a história de Santa Teresinha, firmou o propósito em ser carmelita descalça. Na vida monástica, agradou, por inteiro, sua alma tão de Deus. E, como Teresinha, quis na Igreja ser o amor. Amor firme, decidido no compromisso com a verdade; amor que partilha, ilumina, ensina, faz crescer, fortalece para vencer o mal.
Pela forma como ela já vivia a Eternidade, creio que bastou um único passo, ao cessar a sua respiração aqui, para receber o abraço amoroso do Pai.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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