Esta época é propícia para se refletir sobre o ano que, em poucos dias, se finda e as esperanças para 2017. Gosto do número sete, é repleto de encantos: sete maravilhas do mundo, sete dons do Espírito Santo, sete cores do arco-íris, sete notas musicais. Sete são as obras da misericórdia: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, assistir os enfermos, visitar os presos. Um número mágico. Entre os judeus, a concepção oriental do sete se manifesta no candelabro de sete braços (menorah). Diz-se que simbolizam os arbustos em chamas que Moisés viu no Sinai. Embora não creia que os números tenham qualquer influência na caminhada humana, gosto de simbologias e me encantei, com a interpretação deles, ao ler “Água Viva” de Clarice Lispector. Mas não se pode pensar que será possível viver um novo ano sem as dores e os dissabores. É preciso sim procurar um sentido para eles. Estava com 11 ou 12 anos, ao ler pela primeira vez, do escritor Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889): “Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu,/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem e não homem,/ Só passou pela vida, não viveu”. Assimilei para todos meus dias.
Semana passada, um jovem muito simpático e acolhedor, que trabalha em um comércio que frequento, aproximou-se e me deu o título desta crônica. Contou-me que se equilibrara. Casou-se, trabalha e vive em paz. Percebi que pretendia me contar um segredo. Disse que já passara por um local que, durante anos, visitei: a cadeia. Acrescentou que lhe faltava, mais do que discernimento, mudar o coração e, para transformá-lo, permitiu que Deus entrasse. Que coisa boa! Peço muito a Deus que me ilumine, a fim de que enxergue minhas misérias, sem me justificar, e Ele as derrote em mim.
Para 2017, espero que o Brasil vença e a corrupção e que as pessoas, principalmente as mais empobrecidas, sejam tratadas com dignidade em todas as áreas: saúde, educação, habitação... Desejo que quem rouba pouco experimente as mesmas condições do sistema carcerário brasileiro para os que roubam muito, ou seja, igualdade de tratamento. E almejo que cada um consiga: suprimir o que lhe impede de ser melhor e realizar seus sonhos.
Feliz 2017, gente querida!
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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