Encerramos, em 14 de junho, o Curso de Contação de Histórias, promovido pela Casa da Fonte – CSJ e ministrado pela atriz, contadora de histórias e arte-educadora Patrícia Torres da Cia. NarrAr Histórias Teatralizadas.
Iniciamos em abril e amei participar! Mais do que as técnicas verbais e do corpo, a partilha me fez um bem imenso, pois tudo que toca a emoção torna melhor o ser humano. Cada um, creio eu, de acordo com o papel que exerce na sociedade e no convívio com os contos, amitologia, as fábulas, alinhavou em si as vivências de cada dia do curso. As minhas foram de acréscimo em todos os aspectos: estudaro narrador na obra de Nikolai Leskov, assim como estudava teoria literária na década de 70;os livros indicados – alguns já havia lido – como: “Mulheres que correm com os Lobos’ de Clarissa Pinkola Estes e “A Psicanálise dos Contos de Fadas” de Bruno Bettelheim... Os contos: “Fátima, a Fiandeira” e “A Moça Tecelã” de Marina Colassanti. Tenho alguns livros de Marina e os utilizava em meus tempos de professora.Em “A Moça Tecelã”, como não se encantar com: “Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte”. E, em “Fátima, a Fiandeira”, a sabedoria: “Tudo aquilo que aconteceu na minha vida, e que, no momento, me pareceu uma desgraça, contribuiu (...)para minha felicidade final”.
Agradou-me saber sobre os griots, contadores de história africanos, que têm o compromisso de preservar e transmitir relatos. Como escreveu Tierno Bokar (1875-1939): “A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente”.
No encerramento, a apresentação de mais histórias:“Fita Verde no Cabelo” de João Guimarães Rosa, o conto“Carne de Língua”, “A menina dos fósforos” de Andersen... A chama do fósforo que acende os sonhos. História de meu tempo de menina.
Um curso, no presente, com saberes extraordinários: trouxe-me o passado – como minha mãe sempre foi singular em contar histórias –e me diz que as narrativas são essenciais em todas as horas.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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