PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sábado, 9 de Julho de 2016
PAULO R. LABEGALINI - A IMPORTÂNCIA DA CARIDADE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dona Maria, uma velha senhora, morava só. Recebia um salário mínimo como pensionista do marido falecido e se virava para pagar aluguel, água, luz e gás. Alimentava-se mal para economizar e poder comprar seus remédios caros. Mesmo assim, no final do mês, sempre ficava devendo na farmácia e na mercearia. Tinha sete filhos, mas todos eram casados, lutavam com a vida e não podiam ajudar a mãe. Um dia, ela recebeu a visita de um deles:

– Mãe, estivemos conversando em família e, como a senhora vive só nesta pequena casa, pensamos em arrumar um lugar pra senhora sossegar.

– E o que vocês pensaram?

– Num lar para idosos. É limpo, comida boa, enfermeira, tudo controlado. Até já conseguimos o lugar.

– Lar de idosos? Vocês querem dizer asilo? Depois de oitenta anos trabalhando muito e criando vocês, agora vão me enfiar num asilo?

– Mãe, a senhora vai gostar! O lar é bem cuidado, a senhora precisa ver. Nós gostamos muito de lá!

– Ah, gostaram? Vocês gostariam de ficar lá?

Então, dona Maria tirou um velho lenço do bolso do avental e começou a enxugar algumas lágrimas. Seus pensamentos falavam por ela: ‘Depois de velha, não podendo andar direito, quase surda e enxergando pouco, mesmo com um monte de filhos e netos, vou ser levada para morar num asilo de idosos. Ah, se o meu velho estivesse vivo!’.

Ouvira falar muito de asilos: gente fazendo caridade e olhando o próximo com carinho; mas, ficar distante da família, sem conviver com os netos, que tristeza! E o filho insistiu:

– Mãe, entenda bem, a gente não tem condição de olhar a senhora! Levar ao médico, dar remédios... e se a senhora cair, quebrar uma perna, vai ficar na cadeira de rodas?

– Mas, no asilo eu não posso cair também?

– Acontece que lá eles têm gente pra olhar!

No outro dia, dona Maria levantou cedo, arrumou a cama, fez o café e comeu pão seco. Começou a varrer a casa e viu um envelope na sala. Como não sabia ler, foi até a vizinha, dona Chica. Então, ela soube que a carta era do Dr. Antonio, advogado, pedindo para comparecer ao seu escritório.

– Dona Maria, o que a senhora fez? – perguntou a vizinha.

– Nada! Sabe, deve ser alguma coisa do asilo. Meus filhos vão me levar pra lá!

– Asilo? Que falta de caridade para com a mãe! Mas, espere, vou ligar para esse advogado e saber dessa história direito.

Conversando com a secretária, dona Chica ficou sabendo que a vizinha ganhou a ação da revisão de aposentadoria do marido e iria receber uma bolada! O dinheiro já estava no banco e a pensão mensal iria aumentar também.

– Minha Nossa Senhora, obrigada! Obrigada minha Santa! – exclamou a velha senhora, e começou a chorar de emoção. Mais tarde, contou para um dos filhos e, à noite, a família estava toda reunida em sua casa: filhos, noras, netos e até ‘amigos’!

– Mãe, parabéns! A senhora merece! Vamos fazer uma festa pro seu aniversário que foi no mês passado – falou uma filha, em nome de todos.

– Mas, e o asilo?

– Asilo? Mãe, esqueça disso! Tem muita gente aqui pra olhar a senhora!

Bem, refletindo sobre ‘caridade’, se isso não fosse importante para a nossa salvação, Jesus Cristo não nos teria pedido uma especial atenção com os pobres. Se não fosse importante para a promoção da vida, muita gente não estenderia humildemente a mão para receber um pedaço de pão. Se a caridade não fosse tão importante para cumprirmos a missão que Deus nos deu, quase não existiriam santos no Céu!

Pois é, sem a caridade, nem haveria a Sociedade de São Vicente de Paulo e a população do nosso planeta, com certeza, hoje seria muito menor. Se imaginarmos que, além dos vicentinos, outras milhões de pessoas ajudam o próximo, é fácil concluir que existem outros milhões de irmãos sobrevivendo graças aos corações generosos de quem os servem.

E o mais importante está em saber o que é ou deixa de ser caridade. Por exemplo, na história que leu neste artigo, em nenhum momento os filhos de dona Maria praticaram caridade, concorda? É claro que fica difícil julgar a intenção do outro, mas Deus tudo vê!

Nós, vicentinos, sabemos que a caridade não se limita a bens materiais, mas principalmente está na ajuda para aliviar os sofrimentos causados pela falta de fé, desamor ou injustiças sociais. Nestes casos, também os ricos precisam da nossa atenção para, um dia, crescendo em espiritualidade, se tornem benfeitores dos pobres.

Caridade, portanto, tem que ser praticada sempre, em oração, sem pressa, desinteressadamente, com amor, sem exclusão e oferecendo algo significativo para promover a vida material ou espiritual do irmão. Geralmente, esse ato de acolhimento começa com um sorriso que brota de dentro do coração. Quem não o pratica em família, dificilmente partilhará o bem comum com outras pessoas.

Com certeza, alguém que ama o próximo como a si mesmo pratica a verdadeira caridade e será santo no Céu.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas



publicado por Luso-brasileiro às 17:45
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