Duas vizinhas viviam em pé de guerra e não podiam se encontrar que era briga certa. Um dia, dona Jacira resolveu provocar ainda mais a ‘inimiga’ e mandou-lhe esterco de vaca como presente – para ver a reação da outra.
Assim que dona Clotilde abriu o embrulho, sentiu que a situação estava se tornando insuportável e passou a rezar pedindo paz entre elas. À noite, sonhou que foi visitar o inferno e viu todas as pessoas passando muita fome. Lá, os garfos eram enormes, os braços dos pecadores não se dobravam nos cotovelos e, como era regra comer pegando na ponta do garfo, ninguém conseguia levar a comida à boca.
No dia seguinte, dona Clotilde sonhou que foi visitar o céu e, lá, também os cotovelos não eram articulados, os garfos eram grandes, a regra para se alimentar era a mesma, mas todos estavam felizes e bem gordinhos. Quando perguntou a um anjo como era possível aquilo estar acontecendo, ouviu a resposta: ‘No inferno, eles não se perdoam e continuam passando fome. Aqui, ninguém guarda ressentimentos e um alimenta o outro – levando a comida do garfo até a boca do mais próximo.’
Algum tempo depois, dona Jacira recebeu uma linda cesta de flores e um bilhete de sua vizinha: “Querida, cultivei-as com o esterco que você me presenteou, aliás, um excelente adubo que serviu para reatarmos a amizade. Comprei uns garfos especiais e gostaria que você almoçasse comigo amanhã. Com carinho, Clotilde.”
Foi assim que elas aprenderam que cada um dá ao próximo aquilo que tem em abundância dentro de si. Resolveram, então, cultivar a paz para viverem em paz e, como a felicidade completa só existe nos corações de pessoas de fé, cada vez mais a oração passou a fazer parte de suas vidas.
Eu acredito que muito mais do que uma bela história, este relato serve para nos ajudar a refletir na importância do perdão nos dias de hoje. Primeiro, porque se não perdoamos não somos por Deus perdoados e não seremos salvos. Segundo, porque as consequências da falta de perdão são todas ruins à nossa saúde. Terceiro, porque quem não perdoa não é digno de professar a fé cristã e deixa de alcançar muitas graças para a família.
Eu já fui uma pessoa que rangia os dentes quando me lembrava de alguns desafetos, mas, com sinceridade, hoje isso não acontece mais. Há anos que rezo, pedindo a Jesus que faça o meu coração manso e humilde semelhante ao Dele e, com a ajuda de Nossa Senhora da Agonia, a cada dia vou melhorando um pouquinho mais.
Citei a ajuda de minha Mãezinha porque Ela me acompanha sempre e foi por seu intermédio que descobri a minha missão na igreja católica. Convivendo com pessoas que a amam com fervor, aprendi o verdadeiro espírito cristão que nos aproxima de Deus e, analisando a vida da Virgem Maria, concluí que não há limites para servir e obedecer o seu Filho Santo.
Contudo, sabemos que as graças não chegam de graça. Só as continuam recebendo em abundância aqueles que se perdoam e vivem em comunidade. É um exercício para a santidade que se completa na missão que abraçamos na igreja católica. Se Jesus Cristo perdoou até aqueles que o traíram, quem somos nós para guardarmos rancores uns dos outros?
Voltando à história das duas vizinhas, podemos tirar mais uma lição a respeito do perdão: ‘Quem quer amar como Jesus amou e quer ser protegido por Maria Santíssima, deve evangelizar e perdoar sempre. Só assim poderá chegar ao céu.’
Então, perdoe e evangelize você também, porque, com certeza, não se arrependerá.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
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