Uma das formas mais eficazes de falar sobre assuntos complexos é a linguagem figurativa ou simbólica. Muitas vezes os assuntos mais difíceis se tornam de fácil compreensão quando contados de forma simples. Jesus fazia muito isso através de parábolas e comparações; Ele utilizava o cotidiano da época e eu – muito distante de Sua sabedoria – conto histórias para fazer alguns questionamentos do nosso tempo. Eis mais uma:
Certa ocasião, um empresário de sucesso, mas cheio de problemas familiares, foi procurar um psicólogo. Durante a consulta, o profissional pediu ao homem rico que fosse à janela e descrevesse tudo o que estava enxergando. O empresário falou: ‘Vejo prédios, restaurantes, automóveis e viadutos.’
Em seguida, o psicólogo chamou uma funcionária da limpeza à sala e disse-lhe: ‘Quero que você olhe com atenção e tente me dizer o que está vendo de importante lá fora. E ela relatou assim: ‘Vejo uma fila de pessoas esperando ser atendidas no Posto de Saúde; lá adiante, vejo mendigos deitados debaixo da marquise de um prédio; em frente ao restaurante, vejo gente procurando comida no lixo; percebo também crianças desnutridas pedindo comida nos faróis, jovens com ar de drogados, idosos doentes... quanta coisa triste!’
O psicólogo, novamente a sós com o homem rico, falou: ‘Muito bem, meu caro amigo, agora toma este espelho, olha para ele e diga o que está enxergando.’ Ele respondeu: ‘Ora, pelo tamanho do espelho, vejo tão somente a mim mesmo!’ E voltando a chamar a faxineira, também pediu que olhasse no espelho e descrevesse o que via. Ela estranhou a pergunta, mas disse-lhe: ‘Vejo uma filha abençoada de Deus que tem uma missão importante no mundo: ajudar os que nada têm.’ E o empresário, emocionado, chorou.
Assim é a nossa vida! Muitas vezes nossos olhos ficam cobertos por uma camada de egoísmo que nos impede de ver o quanto somos abençoados. Também não vemos a dor e o sofrimento dos nossos semelhantes e insistimos em resolver somente as nossas dificuldades. A indiferença, a ganância, o individualismo e o comodismo da vida nos impedem de sentir e partilhar a dor dos irmãos. Somos tão 'miseráveis' que não vemos outra coisa a não ser o dinheiro.
É por isso tudo que o Céu está pedindo socorro. Está sobrando lugar no Paraíso! Cada vez menos almas se salvam! Poucos atendem o chamado de Deus! Quase ninguém se importa com a pobreza! Multidões só pensam em acumular bens aqui na Terra!
São Tomás de Aquino comparava a alma do homem a uma folha em branco, na qual, no decorrer de sua vida, registra tudo quanto se refere à sua espiritualidade e à sua conduta moral. Assim, a alma assimila o que chegou a conhecer e a amar. Enquanto o ‘homem religioso’ coleciona o amor a Deus e ao próximo, o ‘pecador que não se converte’ transforma-se em ferrenho adversário do Senhor.
Um chega ao Céu e, o outro, entra no além com tudo quanto assimilou em sua vida terrena: paixões proibidas, vícios, maldades e perversidades. O que buscou a Deus descansará na paz eterna e a alma manchada de pecados mortais irá uivar e ranger os dentes para sempre. Enfim, ou imitamos a Cristo e nos salvamos, ou aceitamos os prazeres da carne e nos condenamos. Nada mais justo!
Eis outra história para reflexão:
Um sujeito fugia de um urso e, ao cair num barranco, agarrou-se às raízes de uma árvore. O animal, bem acima dele, rosnava, babava e mostrava-lhe os dentes. Embaixo, prontas para engoli-lo se caísse, estavam nada menos do que três onças!
Meio perdido, ele olhou para o lado e viu um grande e lindo morango vermelho. Num esforço supremo, sustentou o seu corpo com a mão direita e, com a esquerda, pegou o morango. Então, levou a fruta à boca e se deliciou com aquele sabor doce e suculento. Final da história: ‘Foi um prazer imenso para ele comer aquele morango!’
Mas, vendo que a narrativa acabou, talvez você pergunte: ‘Mas, e o urso?’ Com todo respeito, eu lhe responderia: ‘Dane-se o urso! O importante é saber que o sujeito comeu o morango.’ E as onças? Azar delas que ficaram vendo ele comer o morango!
Lembre-se, leitor, sempre existirão ursos querendo devorar nossas cabeças e onças prontas para arrancar nossos pés, mas nós precisamos saber ‘comer morangos’. E perdoe-me pela insistência, mas você ainda poderia me dizer assim: ‘Eu tenho problemas muito mais complicados para resolver do que os do sujeito da história!’ Eu acredito e imagino que sim, mas os problemas não impedem ninguém de se salvar.
Nas suas maiores provações, coma também o ‘morango’ que Deus lhe dá. Poderá não haver outra oportunidade de atender o grito de socorro que vem do Céu.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
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