Desde pequena, Karina só tinha conhecido uma paixão: dançar e ser uma das principais bailarinas do Ballet Bolshoi. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade.
Certa vez, ela teve sua grande chance profissional ao conseguir uma audiência com o diretor do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a companhia. Nessa oportunidade, Karina dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo que aprendera em cada movimento, pensando que sua vida inteira pudesse ser contada num único passo.
Ao final, aproximou-se do renomado diretor e perguntou-lhe: ‘Então, o senhor acha que posso me tornar uma grande bailarina?’. E decepcionou-se com a resposta. Na longa viagem de volta à sua aldeia, Karina, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele ‘não’ deixaria de soar em sua mente.
Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha e fazer seu alongamento em frente ao espelho. Dez anos mais tarde, quando já era uma estimada professora de ballet, ela criou coragem de ir à apresentação anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o senhor Davidovitch ainda era o diretor máster.
Após o concerto, aproximou-se dele e contou-lhe o quanto lhe doera, anos atrás, ter ouvido que não seria capaz de ser profissional.
– Mas, minha filha, – disse o diretor – eu digo isso a todas as aspirantes!
Com o coração ainda aos saltos, Karina não pôde conter a revolta e desabafou:
– Como o senhor foi cometer uma injustiça dessas? Eu poderia ter sido uma grande bailarina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!
Havia solidariedade e compreensão na voz do diretor, mas ele não hesitou na resposta:
– Perdoe-me, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente se foi capaz de abandonar seu sonho na primeira opinião contrária que ouviu.
Pois é, esta história sugere que devemos continuar sonhando, com capacidade e dedicação, quando buscamos alcançar nossas metas honestamente. A cada sonho, muitos obstáculos terão que ser transpostos, e será importante lutarmos sempre contra o medo e a preguiça para vencermos. Mark Twain disse: “Nunca se afaste de seus sonhos porque, se eles se forem, você continuará vivendo, mas terá deixado de existir”.
E São Luis Maria Grignion de Montfort, pregador do século 17 e autor do Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Santíssima, também escreveu isto sobre Nossa Senhora:
“A sua humildade era tão profunda que não teve na Terra interesse mais forte e mais constante do que esconder-se perante si mesma e perante toda criatura, para só ser conhecida por Deus. O Pai consentiu que ela não fizesse qualquer milagre durante a sua vida, pelo menos que se soubesse. Deus Filho consentiu que ela quase não falasse, embora lhe tivesse comunicado a sua sabedoria. E Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e os evangelistas falassem muito pouco dela, apenas o necessário para dar a conhecer Jesus Cristo, embora ela tivesse sido a sua esposa fiel.
Maria é a excelente obra-prima do Altíssimo, da qual só Ele tem o conhecimento e a posse. Maria é a fonte selada e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só Ele pode entrar. Maria é o santuário e o lugar do repouso da Santíssima Trindade, onde Deus está de forma mais magnífica e divina do que em qualquer outro lugar do universo, incluindo a sua morada acima dos querubins e dos serafins; e não é permitido a nenhuma criatura, por mais pura que seja, entrar nela sem um privilégio especial.
Digo-o com todos os santos: Maria é o paraiso terrestre do novo Adão. É o grande e divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência do Altíssimo, onde Ele escondeu, como em seu próprio seio, o seu Filho único e, nele, tudo o que há de mais excelente e mais precioso. Oh, quantas coisas grandes e ocultas fez o Deus poderoso nesta criatura admirável, como ela mesma se sente obrigada a dizer, apesar da sua profunda humildade: ‘O Todo-Poderoso fez em mim grandes coisas!’. O mundo não as conhece porque disso é incapaz e indigno.”
Portanto, Nossa Senhora nos ensinou os maiores segredos para alcançarmos os nossos objetivos: humildade, oração e caridade. Infelizmente, a maioria das pessoas – como eu – só aprende isso depois dos quarenta! Muitos jovens pensam que somente a capacidade e a dedicação bastam, e vários quebram a cara porque se afastam de Deus.
Voltando à bailarina da história, será que rezou o suficiente antes de se apresentar ao diretor? Sua autossuficiência não pode tê-la prejudicado?
Então, procure fazer de sua vida um mar de bênçãos. Para isso, persiga um sonho que promova a paz no nosso meio, reze diariamente pedindo ajuda à Virgem Maria para fugir dos pecados que lhe cercam e tenha uma conduta digna de ser filho de Deus.
Assim, a felicidade de ver seu sonho realizado chegará.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
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