Não há como mencionar o samba e não lembrar de uma figura emblemática, que tanto lirismo e melodia colocou em suas canções.
Há 35 anos, aquele que atribuiu as cores e o nome à segunda escola de samba fundada no Rio de Janeiro, foi compor em outras plagas, deixando verdadeiras pérolas musicais, eternizadas em nossa história cultural.
Inúmeros sambas foram criados por Cartola em homenagem à Estação Primeira de Mangueira, que teve sua origem no Bloco dos Arengueiros, o qual este compositor e seu parceiro - Carlos Cachaça - fundaram.
Aos 15 anos já vivia na boemia, tendo concluído o curso primário e passando a trabalhar em tipografias.
Mas foi seu ofício como pedreiro que lhe rendeu o apelido, pois para impedir que o cimento sujasse sua cabeça, tinha como fiel escudeiro um chapéu.
Após alguns shows realizados em São Paulo, em 1941, juntamente com Paulo Portela e Heitor dos Prazeres, Cartola desapareceu, sendo-lhe rendidas, inclusive, homenagens por meio de sambas.
Nesse meio tempo, em 1948, a Mangueira sagrou-se campeã do carnaval, tendo como samba-enredo a música Vale do São Francisco, dele e Carlos Cachaça.
Finalmente em 1956 o sambista foi encontrado pelo jornalista Sergio Porto, que o viu lavando carros no bairro de Ipanema.
Porto trouxe Cartola de volta à cena e o levou para cantar na Rádio Mayrinck Veiga e a partir daí passou a trabalhar no Diário Carioca.
O Zicartola, de vida breve, mas intensa, lendário restaurante de sua propriedade e de dona Zica (com quem se casara na década de 1960), tornou-se o ponto de encontro dos melhores sambistas do morro e também de compositores da jovem geração. Seu samba O sol nascerá, em parceria com Elton Medeiros, por iniciativa de Nara Leão, integrou o repertório do show Opinião, espetáculo que se tornou um marco por sua ousadia estética, sua proposta diferenciada e por trazer canções de protesto num cenário político de repressão.
Mas foi somente aos 66 anos, em 1974, que gravou seu primeiro LP.
Em 1976, após lançar seu segundo LP, realizou o primeiro show individual.
Suas canções nos enchem os ouvidos de poesia. "Ai, essas cordas de aço/Este minúsculo braço/Do violão que os dedos meus acariciam/Ai, esse bojo perfeito/Que trago junto ao meu peito/Só você, violão, compreende porque/Perdi toda alegria".
RENATA IACOVINO, escritora, poeta e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
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