Alguns dizem que gosto não se discute. Outros que: gosto não se discute, lamenta-se.
Penso que dá para discutir, ou melhor, falar a respeito. O problema é como...
Afinal, é difícil levar uma conversa adiante, sobre bom ou mau gosto, que não envolva nosso juízo de valor. E consequentemente, nosso julgamento.
Porque quando julgo o "mau" gosto de alguém, julgo-o a partir do meu suposto bom gosto. Que é "bom" para mim. E é bom, segundo a minha avaliação, os meus critérios, o meu olhar, a minha vivência, minhas experiências...
E quando condeno o mau gosto do outro em detrimento do meu bom gosto, estou afirmando uma verdade. Uma, dentre milhares existentes por aí, pois cada um tem a sua, não?
Outro problema é quando nos vemos diante de algo que "indiscutivelmente" é de mau gosto... É possível haver algo indiscutivelmente de mau gosto?
Podemos dizer que o senso comum elege o que é aprovado por uma maioria ou não. Agora, até que ponto isso é confiável, vale outra reflexão.
Se partirmos do pressuposto que o senso comum não traz em seu bojo um critério de pensamento, mas sim de absorção de um legado já existente e legitimado, o aspecto crítico é deixado para segundo ou, na pior das hipóteses, para nenhum plano.
E se negamos a possibilidade de criticar, de formular um pensamento acerca de algo... perdemos a oportunidade de transformar.
A transformação e a mudança podem, em linhas gerais, caminhar na via contrária à estagnação. Às vezes não, mas pensemos naquela mudança que nos faz crescer, que nos leva a somar algo até então adormecido nalgum canto obscuro de nosso íntimo.
Buscar entender o diverso pode ser uma das vias para aceitar o gosto do outro, que talvez não seja o meu, mas que possui o mesmo direito de existir.
E esse gosto pode ser estendido, também, a formas de comportamento, a maneiras de se vestir e ao jeito de se expressar.
Muitas vezes julgamos mal nosso interlocutor simplesmente porque não compreendemos o que ele nos disse. Ou, na verdade, não o ouvimos como deveríamos, ou seja, não o ouvimos dentro da intenção que ele quis nos falar, e sim, com o filtro que nossa verdade forjada nos impõe que ouçamos.
Mas esta reflexão é apenas a minha verdade. A verdade mesmo... ainda não inventaram.
RENATA IACOVINO, escritora e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br / reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
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