A notícia de falecimento do Padre Paulo André Laurièr Labrosse, aos 74 anos, na residência paroquial de Nossa Senhora da Fátima, na Vila Hortolândia, dia 28 de dezembro, entristeceu muita gente. Canadense, havia chegado ao Brasil há 42 anos, como irmão de São Vicente, e desenvolvia um trabalho voltado para auxílio aos excluídos que não tinham alternativas de vida. Maria Cristina Castilho de Andrade lembra que na luta comum em prol dos jovens ele era entusiasta e responsável pelo fomento de programas de ajuda a crianças e adolescentes, quando ainda nem era padre.
Ordenado diácono em 1982, em Cajamar, e, posteriormente, padre pela Diocese de Jundiaí, em 9 de dezembro de 1984, Paulo André completou trinta anos de vida sacerdotal, à frente de muitas paróquias, dentre elas, a paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Hortolândia, a de Santo Antônio, no Anhangabaú, e a Nova Jerusalém, à rua Pirapora, e em outras cidades, sendo respeitado e querido por sua honestidade, alegria e bom coração. Era um homem de grande força de vontade e de intenções altruístas, que usou da inteligência e dons para incentivar o diálogo e a prática cristã.
Nas políticas públicas soube conciliar os ideais religiosos com projetos e programas sociais. Colaborou na reurbanização da Vila Ana e trabalhou para que muitas famílias tivessem moradia condigna. Por indicação do vereador Erazê Martinho foi condecorado Cidadão Jundiaiense e reiterou sua gratidão na homenagem póstuma rendida a Erazê, em evento da Academia Jundiaiense de Letras, que reuniu familiares e amigos, no Museu Solar do Barão, em bela manhã de novembro de 2013, coroada com a apresentação da Banda São João Batista. Naquele dia, Padre Paulo André fez um depoimento emocionante sobre a generosidade discreta de Erazê, que mensalmente levava os jovens sob tutela do Padre para passarem o fim de semana no sítio do Sem-fim, reforçando a reintegração dos adolescentes ao convívio social sadio e à cidadania.
Quem teve o privilégio de conviver com o Padre Paulo André aprendeu a ter uma visão de mundo que vai além do pragmatismo usual e dos discursos egoicos, que transcende as ações banais e os falsos pretextos, para alcançar a liberdade de pensar e refletir, de se relacionar com o bem maior que habita cada um de nós. Padre Paulo André considerava a Vila Hortolândia seu lar. Sua última prece foi para morrer ali. A par e passo da saudade, ele nos deixa exemplos de amor e compaixão.
SONIA CINTRA - ESCRITORA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA
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